6 de ago. de 2010
sem contrapartida
Numa espécie de sofá largo, assisto televisão ao lado de uma moça bem jovem, bonita e de olhos claros, por quem me encontro verdadeiramente apaixonado. O sentimento não chega a ser retribuído. Não me importo.
Estamos com nossas cabeças apoiadas no encosto e, entre nós, está sentado, na beira do acento, o filhinho dela de uns poucos anos – a ele também amo, indiferentemente ao próprio amor à mãe ou à sua eventual não retribuição ao meu. Ergo-me e carinhosamente o trago para ficar melhor acomodado, apoiado de modo igual ao encosto.
O gesto, puro em afeto e cuidado, é percebido em toda a extensão pela mãe. Ela aproxima, então, seu rosto do meu, meiga e lentamente, quase em circunstância de me amar, a partir da percepção do amor que dedico a seu filho.
Claro, tal possibilidade de retribuição (quem sabe mesmo de compartilhamento) do amor é muito bem-vinda. Mas me ocorre ser curioso lhes dedicar sentimentos tão incondicionais e, ao mesmo tempo, independentes entre si, como ainda o fato de que, de minha parte, não importar haver, em contrapartida, retribuição – enquanto o amor dela ganha expressão, e transferência, apenas quando da identificação do que sinto pelo seu filho...
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eita que esse, nessa "espécie de sofá largo", com essa foto, ficou... perfeito.
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