25 de jun. de 2011

inocupável não se ter

após o fim de semana prolongado por feriado, de paixão intensa e desejos inebriantes satisfeitos, ele pega o avião de volta à sua cidade, enquanto ela, o carro pela autopista, em direção à sua.
     quando já instalado no escritório da empresa, ele abre da pasta de emails uma mensagem de pretenso remetente desconhecido: “a todo instante um frio me percorre a espinha. mordo instintivamente os lábios. e sinto você novamente dentro de mim”.

condensação. síntese em arrebatamento, não aberta a todos os sentidos. quem sabe, a quase nenhum. mas uma linha, corte divisor. camadas possibilitadoras. até porque: escrever tudo não se escreve mesmo. e, ainda assim, se escreve.
     o encontro, a permissão, o suar. gozo de momentos. no contorno de um hiato, um inocupável não dizer. letras sem corpo da escrita, corpos como palavra dada. não ser preenchido. mas circundado, ciente da potencial ausência. na sua não escritura. apenas no tido. ter disso dimensão. o deleito do novo, num corpo novo, de gente nova.
     por ali poder. ânfora em que se desagua. arco em flecha, ato, desejo daquilo que não se tem. e assim se tem. amém.

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