instigado por mim, meu pai rememora
sua infância. há prazer, interesse, curiosidade de quem fala e de quem ouve.
mas algo de lapso fica no ar. certa necessidade minha, como de atenuar não
ter participado daquela vida.
pelo
menos localizo algo assim na minha escuta. feito eu pai do filho que narra uma
existência – incontáveis causos, dramas, superações, insignificâncias – que eu
não pude dividir com o então garoto. apartado de tais momentos, os recupero de
um outro lugar, na carne de um ser ouvinte, em paradoxal avidez de recordar
feitos não vividos por mim. indiferente a isso, ele reparte comigo parte do
vivido. resgata, filtra, recria, diz lembrar. meu quinhão para registro.
pai dele
tenha sido, estaríamos juntos já nesta foto, com o patriarca Octaviano ao
centro. eu teria sido aquele que cedo, cedo demais, se foi. e só agora, possibilitado
pelo que ele vocaliza, passasse a ter ideia do que não me foi dado compartilhar.
herança generosa
– numa família de homens que não falam de suas angústias e se veem ingeridos
por elas. patrimônio ofertado por relato do pai outrora filho, meu filho? avô,
eu, inscrito em réplicas de nome e datas?
Emília, mãe de Helio Braga da Silveira (15/mar./1929), então com dois anos, e Manzeca;
Octaviano; e Heitor Amilcar da Silveira (17/nov./1889–17/nov./1933).
Octaviano; e Heitor Amilcar da Silveira (17/nov./1889–17/nov./1933).
Heitor Amílcar da Silveira Neto (17/nov./1956)
Ancestrais...somos todos um.A Vida é eterna!
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