
......Outro dia estavam a fuçar pelo jardim, na casa de um dos tios delas. Em meio a borboletas e outros seres alados que pousavam de flor em flor e que a todo instante cruzavam com elas, eis que surgiu um bichinho particularmente diferente: era uma libélula, cuja existência até ali desconheciam. Ela parou à frente das meninas e ficou encarando as duas. É, ela parou mesmo no ar! Ficou lá, feito helicóptero: nem subia nem descia, não ia pra frente nem pra trás. Só com as asas batendo e batendo, sem sair do lugar.
......E olhou pra uma, depois pra outra, e voltou pra primeira... As gêmeas logo perceberam que estavam sendo encaradas, vejam só!, por aquele insetinho de asas duplas, imóvel em pleno ar. Até que Sofia, a mais espevitada das duas, se saiu com essa:
......― Que foi?! Nunca viu não, cara de pavio?
......― Não mesmo!, respondeu o bichinho. Assim tão igualzinha uma à outra, nunca mesmo!
......Aí foram as duas que, espantadíssimas, olharam uma pra outra! Credo! E inseto fala? Desde quando? Bem, pelo visto, desde agora – parecia terem concluído as duas, pois logo estavam conversando com a libélula.
......E, olhando-a daquele jeito tão de perto, chamou-lhes a atenção o tamanho dos olhos dela. Clarisse repetiu a pergunta bem conhecida de um livrinho que sua mãe costumava ler pra elas:
......― Pra que esses olhos tão grandes?
......“Ah, eles servem pra ver bem melhor” – explicou a libélula. “Eles têm um monte de divisões, e termina sendo como se fossem muitos e muitos olhinhos, todos bem juntinhos. Assim, enxergo pra tudo que é lado ao mesmo tempo. Ops! e por falar nisso, estou vendo um lanchinho ali!”
......E lá se foi ela atrás de um apetitoso mosquito, deixando Clarisse e Sofia de bocas abertas, enquanto tentavam seguir com os olhos aquele voo muito do seu irriquieto em asas transparentes.